PILÃO
`Por: Sônia Maria de Abreu
Artefato primitivo de origem
remota, o pilão de madeira, na época do Brasil-Colônia, já era utilizado na
agricultura para socar alguns alimentos, tais como o milho e o café. Para sua
confecção, utilizavam-se troncos de madeiras duras - como a maçaranduba, a
peroba, a canela preta, o guatambu e o limoeiro - que eram escavados com fogo,
e, sua haste (denominada mão de pilão), era feita com um pedaço
aparelhado dessas madeiras. A altura de um pilão variava entre 30 e 70
cm e, uma haste, media de 60 cm a 1,2 m.
No tocante à cultura rural
brasileira, pode-se afirmar que todas as casas nas zonas rurais usavam algum
pilão. Os pesquisadores afirmam que essa ferramenta deve ter sido copiada dos
árabes. Em 1638, nos terreiros próximos às portas das cozinhas, já havia
registro do emprego de pilões, nos preparos da farinha de mandioca e óleo de
semente de gergelim, em substituição ao azeite de oliveira.
Nos terreiros de candomblé, na
Bahia, moía-se o milho em um pilão grande, para preparar os quitutes servidos à
Mãe-de-Santo e ao Pai-de-Santo (o acaçá e o aberém). Nele, quebrava-se, também,
o feijão, para se preparar o abará, o acarajé e o omolucum. Em um pilão
pequeno, os temperos eram moídos, para se cozinhar o arroz de haussá e o
efó. Ao longo dos séculos, portanto, esse utensílio doméstico sempre
foi muito utilizado na cozinha baiana.
No artesanato nordestino, é
possível se encontrar pilões de madeira, de barro, de pedra sabão, de chifre de
boi, em feiras livres, mercados públicos ou lojas de objetos artísticos. O
pilão intermediou as trocas alimentares entre os indígenas, africanos e
europeus, a união de vários caminhos e experiências de vida, de etnias, de
culturas, e a miscigenação de gostos, formas e aromas. Apesar de ultrapassado,
em decorrência dos avanços tecnológicos, esse utensílio continua presente no
imaginário popular brasileiro.
Na cozinha, os utensílios, como o
pilão, tinham para os negros e indígenas uma importância que o português
desapercebeu, mediante outras maneiras de esmagamento, no almofariz ou gral.
Dava um sabor inesquecível aos alimentos feitos com essa preparação. O café
pilado jamais poderia comparar-se ao café moído à máquina, na opinião popular,
saudosa do pilamento insubstituível. A paçoca exigia o pilão, sob pena de não
ser paçoca. Na África, os esparregados de plantas cruas eram feitos no pilão.
No Brasil, o milho era seu freguês clássico. A massa ou xerém para o cuscuz, a
canjica, o bolo de milho, eram batidos os grãos, para “tirar o olho”, no pilão
(LIMA, 1999, p. 50).
Segundo o folclorista (2004), Na África os esparregados de plantas cruas são feitos no pilão. No
Brasil, o milho era seu freguês clássico. A massa ou xerém para o cuscuz,
canjicão, bolo de milho, a batida para ‘tirar o olho’, eram serviços de pilão.
...O arroz da terra, avermelhado, era descascado no pilão. Havia várias formas
de retirar a casca sem quebrar o grão. O café, depois de torrado no caco,
panela rasa, de barro, ia ser pilado. Como o milho e a paçoca. Pilavam horas e horas. Essas operações eram confiadas
às mulheres. Quase sempre duas, no mesmo pilão, alternando as pancadas, e
cantando.
Acesso – 09/04/2013
Hora de fazer paçoca de carne seca- hum que delícia! Pilar café não vale, pois o trabalho é árduo!!
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ResponderExcluirA esta é uma contribuição dos indígena, e dos negros para nos,um utensílio que jamais será esquecido, e que continua sendo necessário para os seres humanos. Hoje já existe pilão de ferro, mas o sabor dos alimentos não é igual.Na casa dos meus avós minha mãe e minhas tias sempre pilavam os alimentos, as duas de vez, achava muito lindo, precisava uma pratica muito grande para não tocar uma mão de pilão na outra.
ResponderExcluirNoely da Silveira Souza - Polo Barreiras
Faz parte das minhas recordaçoes de infancia, mesmo antigo o uso do pilão ainda permanece, minha avó ainda hoje só faz paçoca pilada, é bom demais.
ResponderExcluirQue legal pisei muito milho em um pilão desse na casa da minha bisavó.
ResponderExcluirMuito bom lembra e conhecer coisas novas desse região onde em morei por 4 anos.Esse região é muito rica. Que saudades!