CARRO DE BOI
Por: Maria Alaione Araújo Batista
O carro de boi surgiu no Brasil com os primeiros engenhos de
açúcar, na época da colonização portuguesa. Foi um dos primeiros instrumentos
de trabalho, além do mais antigo e principal veículo de transporte utilizado no
País, principalmente nas áreas rurais, por quase três séculos.
O carro é composto por duas
rodas, uma grade ou mesa de madeira e um eixo. As rodas são feitas
de madeira de boa qualidade, com um anel de ferro de forma circular nas
extremidades, para garantir maior resistência. Primitivamente, o carro não era
ferrado e as pessoas diziam que “o carro andava na madeira”. A grade possui
cerca de três metros de comprimento por um e meio de largura, com duas peças
mais resistentes de cada lado e uma terceira no meio, mais comprida, destinada
a atrelar o carro à canga,
uma peça, também de madeira, com mais ou menos um metro de comprimento,
contendo um corte anatômico para assentar bem no pescoço do boi, sendo segura
por uma correia de couro chamada de brocha. A
grade é apoiada sobre um eixo. O ponto de apoio da grade sobre o eixo são duas
peças de madeira chamadas cocão. O
chiado ou cantiga característica do carro de boi é produzido pelo atrito do
cocão sobre o eixo.
Além de ajudar no transporte de cana, açúcar e lenha nos engenhos,
o carro de boi servia para transportar mudanças e conduzir pessoas. Havia
também uma versão coberta. Foi utilizado como carruagem para a nobreza rural
brasileira; como transporte de bandas de musica das cidades para o
interior e vice-versa; para levar as famílias sertanejas às festas de Natal
e Ano Novo, quando eram todos enfeitados para a missão e, ainda, nas
campanhas políticas, servindo de elemento de aproximação entre eleitores e
candidatos. Nos anos de 1939 a 1945, durante a Segunda Guerra
Mundial, devido à falta combustível para caminhões e automóveis, o carro
de boi voltou a aparecer, por algum tempo em certas regiões do País ajudando a
transportar cargas e pessoas.
Na história do Brasil, o carro de boi aparece na Colônia, no Império,
na República, na Revolução de 1930, no Estado Novo. Pode apresentar variações
de “modelos” e nomes: carro, carroça ou carreta, como no Rio Grande do Sul,
porém, nenhuma cidade, vila, povoação, fazenda, sítio, do litoral ao sertão
ignora a existência deste rústico e primitivo meio de transporte, que ajudou a
fazer a história do Brasil.
Aquele barulho que de longe se escuta, que vem carregado de lenha ou mandioca e que ficamos correndo atrás procurando um espacinho para poder pular e subir pra cima do carro de boi é o que esta imagem me faz recordar. Também lembro de estar indo pra casa de minha avó na zona rural, após ter chovido ver minha avó sorrir e fazer brincadeira, acho que foi a unica vez que a vir sorrir tão espontaneamente.
ResponderExcluirQuantas recordações, polo Euclides da Cunha, estão de parabéns!!