terça-feira, 16 de abril de 2013

BANDA DE PÍFANO

Por: Silvoney Santos


            Uma das maiores riquezas musicais existentes no município de Uauá são as tradicionais bandas de pífano, que traz uma ancestralidade da música nordestina, pois foi à primeira música a aparecer no sertão do Brasil, que se incorporou e adquiriu toques próprios com os índios.
As bandas de pífanos, também conhecidas por Zabumba ou Calumbi, são conjuntos instrumentais compostos basicamente de duas flautas, caixa e zabumba. Segundo Aluysio Pinto de Alencar “é a criação do mestiço brasileiro, que, com intuição musical, soube adaptar ecologicamente o instrumental de procedência estrangeira, dando-lhe o equilíbrio de registros sonoros e a formação típica com o qual tradicionalizou-se.”
Uauá era ainda um povoado quando pela primeira vez a banda desfilara para festejar a benção do cruzeiro, local onde seria construída a Igreja Matriz. A banda de pífano “Calumbi”, de Monte Santo que serviu de inspiração para a criação da banda de pífano de Uauá, formada em meados de 1907 com Vicente José Barbosa, pai de Auto Barbosa. A banda era composta por quatro instrumentistas, estes: Vicente José e João Leite na gaita, Tentem na caixa e Dionísio na zabumba, juntaram-se a banda Seu Anízio, Auto Barbosa e Chico Dorope, sanfoneiros da época precursores do São João de Uauá. Estes tiveram papel fundamental na difusão da banda de pífano em Uauá ajudando a formar as bandas de pífano dos povoados da Lagoa do Pires, São Paulo e Poço do Vieira que ainda hoje participam ajudando a abrilhantar os festejos de São João Batista.
Apresentam-se em feiras, casamentos, batizados, festividades religiosas, quermesses, forrós, romarias e onde forem convidados.
Pífano é confeccionado em taquara e bambu com orifícios abertos a fogo. A caixa e o bombo são de matéria oca, coberto com pele de carneiro.
Os instrumentos são fáceis de ser executados por muitas razões, principalmente porque a escala é bastante curta, são de fácil manejo, de escassos recursos e o som varia de acordo com a dimensão do instrumento.
O repertório é escolhido por cada banda, indo de músicas recentes até as músicas mais antigas, é evidente ainda o uso de músicas do inesquecível rei do Baião Luiz Gonzaga. Muitas músicas são de repertório próprio dos instrumentistas, a inspiração das músicas vem de situações cotidianas. 
Hoje existe em Uauá bandas de pífano, uma da Lagoa do Pires, outra do Poço do Vieira e a outra do São Paulo. Estas contribuem muito para a manutenção do tradicionalismo peculiar do São João de Uauá. Participam das alvoradas, das passeatas e da entrega de Ramos durante os dias de festejo. Essas vêm revelando também a potencialidade e poesia do povo sertanejo, onde encontramos o mais puro sentimento de brasilidade.
Recentemente, com a chegada dos aparelhos eletrônicos e instrumentos elétricos no sertão da Bahia, as bandas de Pífanos tem sido desprezadas, provocando assim o desinteresse das novas gerações no aprendizado de sua música tradicional, como também no prematuro desaparecimento de alguns conjuntos.



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