BANDA DE PÍFANO
Por: Silvoney Santos
Uma
das maiores riquezas musicais existentes no município de Uauá são as
tradicionais bandas de pífano, que traz uma ancestralidade da música
nordestina, pois foi à primeira música a aparecer no sertão do Brasil, que se
incorporou e adquiriu toques próprios com os índios.
As bandas de pífanos,
também conhecidas por Zabumba ou Calumbi, são conjuntos instrumentais compostos
basicamente de duas flautas, caixa e zabumba. Segundo Aluysio Pinto de Alencar
“é a criação do mestiço brasileiro, que, com intuição musical, soube adaptar
ecologicamente o instrumental de procedência estrangeira, dando-lhe o
equilíbrio de registros sonoros e a formação típica com o qual tradicionalizou-se.”
Uauá era ainda um povoado
quando pela primeira vez a banda desfilara para festejar a benção do cruzeiro,
local onde seria construída a Igreja Matriz. A banda de pífano “Calumbi”, de
Monte Santo que serviu de inspiração para a criação da banda de pífano de Uauá,
formada em meados de 1907 com Vicente José Barbosa, pai de Auto Barbosa. A
banda era composta por quatro instrumentistas, estes: Vicente José e João Leite
na gaita, Tentem na caixa e Dionísio na zabumba, juntaram-se a banda Seu
Anízio, Auto Barbosa e Chico Dorope, sanfoneiros da época precursores do São
João de Uauá. Estes tiveram papel fundamental na difusão da banda de pífano em
Uauá ajudando a formar as bandas de pífano dos povoados da Lagoa do Pires, São
Paulo e Poço do Vieira que ainda hoje participam ajudando a abrilhantar os
festejos de São João Batista.
Apresentam-se em feiras,
casamentos, batizados, festividades religiosas, quermesses, forrós, romarias e
onde forem convidados.
Pífano é confeccionado em
taquara e bambu com orifícios abertos a fogo. A caixa e o bombo são de matéria
oca, coberto com pele de carneiro.
Os instrumentos são
fáceis de ser executados por muitas razões, principalmente porque a escala é
bastante curta, são de fácil manejo, de escassos recursos e o som varia de acordo
com a dimensão do instrumento.
O repertório é escolhido
por cada banda, indo de músicas recentes até as músicas mais antigas, é
evidente ainda o uso de músicas do inesquecível rei do Baião Luiz Gonzaga.
Muitas músicas são de repertório próprio dos instrumentistas, a inspiração das
músicas vem de situações cotidianas.
Hoje existe em Uauá
bandas de pífano, uma da Lagoa do Pires, outra do Poço do Vieira e a outra do
São Paulo. Estas contribuem muito para a manutenção do tradicionalismo peculiar
do São João de Uauá. Participam das alvoradas, das passeatas e da entrega de
Ramos durante os dias de festejo. Essas vêm revelando também a potencialidade e
poesia do povo sertanejo, onde encontramos o mais puro sentimento de
brasilidade.
Recentemente, com a chegada
dos aparelhos eletrônicos e instrumentos elétricos no sertão da Bahia, as
bandas de Pífanos tem sido desprezadas, provocando assim o desinteresse das
novas gerações no aprendizado de sua música tradicional, como também no
prematuro desaparecimento de alguns conjuntos.
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